Aeromodelismo na sala de aula

Um projeto surgido numa escola estadual tenta levantar voos ainda maiores. É o Projeto Asa Sagui, no qual um grupo de alunos sugeriu a ideia de usar o aeromodelismo como matéria de sala de aula.

Tudo começou a partir de um experimento criado para um evento escolar, em Campina Grande, na Escola Cidadã Integral Álvaro Gaudêncio de Queiroz, da rede estadual de ensino, que fica no bairro Malvinas.

“Construímos um aeromodelo para o festival de experimentos da escola”, conta Manoel Enzio Roberto, 16 anos, que esteve à frente do projeto com os colegas Giovanna Leticia, Kaio Câmara e Ian Fagner. O objetivo do evento era justamente de fazer os alunos levarem suas ideias para apresentarem na escola.

“Eu, como aeromodelista desde os 8 anos, tive a ideia de trazer o aeromodelismo para a educação. E construí um aeromodelo”.

Com 8 anos, Enzio descobriu essa atividade, graças ao pai. “Meu pai me levou ao aeroclube aqui de Campina Grande”, recorda. “Lá eu vi aeromodelos profissionais e foi amor à primeira vista. Desde então, sou aeromodelista e hoje sou instrutor de voo de aeromodelos. E sempre tive essa ideia de unir aeromodelismo com educação”.

O adolescente acredita que, ao trabalhar com esses modelos, os alunos podem ver na prática os conceitos de matérias como física, química e matemática – sempre pedras no sapato de muitos estudantes.

“Se a gente pegar a base da engenharia aeronáutica, pode ver que a física, a química e a matemática são muito presentes. A gente quer fazer com que aqueles alunos que só veem esses assuntos no quadro, na teoria, tenham a oportunidade de conhecer na prática esses mesmos conceitos num aeromodelo. Que teria um custo muito baixo e seria de grande ajuda para a educação. O aeromodelismo poderia ajudar a educação de uma forma totalmente inovadora. Na construção, foi impressionante perceber mesmo a física estufada na sala de aula aplicada no aeromodelo”.

O custo é um ponto importante do projeto, para a aposta em sua viabilização. A experiência do ano passado reduziu significativamente o que se gastaria normalmente para adquirir um aeromodelo. “A gente não tinha muitos recursos financeiros para construir um do zero”, explica o estudante. “Então, a gente procurou materiais mais baratos. Utilizou isopor reciclado, fita durex, e peças de aeromodelos antigos que tinham por aqui. E a gente conseguiu comprar peças usadas para construir o nosso”.

O resultado disso impressiona. “A gente conseguiu reduzir os custos de um aeromodelo drasticamente”, defende. “Se você fosse comprar um hoje, teria que investir uns 700 reais ou um pouco mais. E a gente conseguiu fazer com que esse custo fosse reduzido a pouco mais de 250, 300 reais”.

Os kits de robótica já disponíveis na escola também ajudaram. “Pensamos em reaproveitar kits de robótica na construção desses aeromodelos. A parte elétrica dá muito bem pra utilizar equipamentos que estejam parados”.

Enzio hoje é estudante de Ciências Aeronáuticas na ESAC Unifacisa, mas agradece muito o apoio da ECI Álvaro Gaudêncio de Queiroz. “A escola foi nossa ‘mãe’ nessa empreitada”, conta. “No ano de 2019, quando a gente estava numa escola ‘emprestada’, a nossa foi inaugurada”. A escola estadual ganhou um novo prédio em agosto de 2019. “A escola cedeu salas para que a gente pudesse construir, pesquisar e todo o tempo que a gente poderia usar”.

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